sexta-feira, maio 02, 2008

Por aqui


Ambiente hostil aos "tugas", este aqui.
Bem, ninguém tem nada contra nós, na verdade, nem fui maltratada de nenhuma forma.
Mas a cor da pele denuncia-nos. Por mais simples que seja a roupa, por muito que faltem os acessórios, nunca escapamos ao veredito. A solução é tornar claro e límpido que nada portamos de valor. Mãos nos bolsos e olhar descontraído. Dá para dar a volta ao quarteirão. Não dá para longos passeios. Não dá para "conhecer a cidade". Não dá para fazer turismo, até porque isso é uma actividade que aqui não se pratica.
A minha vida é uma prisão onde as grades são a insegurança e a dependência de um carro e de um motorista que não são meus. De um horário que não controlo. De pessoas que acham que, desde que apareçam, as horas não interessam. Uma prisão feita de ausências. Ausência de taxis. Ausência de lugares para ir. Ausência de conterrâneos hospitaleiros. Ausência de dinheiro para os padrões locais... lol.
Depois, o prisioneiro pensa que até tem sorte. Afinal, não tem que se levantar às 4.30 da manhã para ir para o trabalho. Mora num lugar com luz e água canalizada. Tem um iogurte e sabe que é seguro comê-lo.
Estarei numa prisão ou numa redoma?

3 comentários:

Jo disse...

É tudo uma questão de perspectiva. Mas as redomas também são prisões, não é?

Beijos*********

Abssinto disse...

Boa sorte!...aproveita o que puderes!

bj

indigente andrajoso disse...

passei ai pouco mais do que uma semana, em trabalho, a passear, acompanhava promotores em reuniões e o meu chefe a curar a saudade...


ele nasceu em luanda e desde que veio tirar o curso a portugal nunca mais tinha voltado...

conheci dois lados, o da redoma dos jantares caros e o andar a pé despreocupado de quem reconhecia as ruas da sua infância...

grandes contrastes