A casa nova

Ontem fui ver a minha nova casa. A próxima. A senhoria chegou um pouco mais cedo e esperou por mim. Quando cheguei estava ela em quase pânico.

A bela casa estava até agora habitada por dois actores de uma série que causa furor entre a adolescência e o mundo infantil. Nenhum episódio da série lhes poderia fazer tanto mal como verem o que eu vi ontem, que foi o ambiente em que os belos jovens viviam.

Atenção, que esta é a primeira vez que eu volto a uma casa onde já morei antes. Morei lá em 2001. Foi um grande choque.

A armação do sofá encontrava-se empilhada na cozinha. Um sofá magnífico, lindo, confortável…. Isto porque eram dois rapazes e suprimiram a sala para fazer mais um quarto.

Toda a bancada se encontrava coberta de lixo e de louça suja. No fogão havia uma panela com restos de esparguete, sendo que havia uns fios escuros, já cobertos de bolor. O chão tinha todo o tipo de roupa suja. Deviam estar a treiná-la para entrar sozinha para a máquina de lavar.

Na casa de banho, a quantidade de cabelos na banheira dava a entender que um macaco tinha acabado de tomar banho – até porque só assim se justificaria a imundície.

Os queridos tinham deixado todas as luzes acesas e, melhor ainda, a porta já não fechava.

Na antiga e deliciosa sala empilhavam-se pilhas de papel com as falas dos actores. No chão, meias sujas, misturadas com dinheiro, uma carteira e restos de comida.

A recente pintura de portas e parede estava esfolada, devido às transferências sem cuidado de móveis de um lado para o outro.

Aquela casa vai voltar a ser uma linda casa. O chão de tábua corrida vai ser encerado e vai cheirar a móveis antigos. Os móveis orientais vão levar óleo de cedro. Vai ter flores frescas e ervas aromáticas.

Vai ser uma casa encantadora. Mas, por enquanto, pobrezinha!...