
Ele pertence a uma outra Casa, uma casa de que ainda não vos falei, mas que significa muito para mim.
O Susto é, à sua maneira, um seguidor de D. Afonso Henriques. Mora nesse belo lugar com alguns dos seus irmãozinhos. Morava também com a mãe, mas, a certa altura, ele e a mãe incompatibilizaram-se. Tinham um ódio de morte um ao outro e eram praticantes. A situação terminou com o desaparecimento da mãe. Saiu um dia (suponho que não para comprar tabaco) e nunca mais voltou.
O Susto tinha também um irmãozinho da ninhada seguinte, que era o Bigodes. As coisas com o Bigodes também começaram a correr um bocadinho mal, a certa altura do campeonato. O Bigodes tinha a ideia de se tornar um gato com uma certa piada nos arredores e o Susto achou, provavelmente, que era o único com direito a ter graça, especialmente para o público feminino gatil.
O Susto começou a marcar o território de uma forma muito pouco agradável para o público feminino humano in charge e conseguiu assim ser escorraçado da casa. Chegou até a marcar o público masculino humano in charge, quando este lhe fazia festas, o que não lhe granjeou estima acrescida.
Ele e o Bigodes envolviam-se em brigas literalmente sanguinárias, que resultavam em termos gatos estropiados e com mau aspecto, em permanente fase de cura, mais ou menos completa, conforme a data da última briga.
Um dia o Bigodes nunca mais voltou e o Susto curou-se. O seu irmão mais novo, o Delfim, é um gato cobarde (ou gay - o que não é a mesma coisa, mas para o caso vai dar ao mesmo), que não lhe faz frente e por isso Susto rules.
Poder-se-á pensar que Susto é um gato horrível, a julgar pelos antecedentes criminais. Mas não.
Susto é um gato permanentemente carente de mimos humanos. Esfrega-se em nós, sobe-nos pelas pernas (sim, é doloroso), requisita-nos as duas mãos para o afagar, pede colo e mia por atenção constante.
Assim, temos o paradoxo (ou talvez não) de um gato cruel, um verdadeiro ditador, mas carente, simpático e adorável (quando não marca o território, bem entendido).
Ainda bem que não temos dilemas destes com os humanos. Não temos, pois não?
Ah, só mais uma coisa: ninguém naquela casa tenciona castrar o gato!
2 comentários:
que susto!
:P*
O Susto lembra-me a personagem do Grunho. Gostei muito do rapagão.
bj
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